sexta-feira, 9 de março de 2012

RESUMO - Livro Preconceito Linguístico de Marcos Bagno


Bagno, Marcos. Preconceito lingüístico: o que é, como se faz. São Paulo: Loyola, 1999.


Expressão da língua

No mundo da linguagem, um grande autor se destaca, não somente pela reflexão social, mas também, pela clareza que discute o uso da língua na sociedade. Dentre os mais de trinta livros escritos por Marcos Bagno, o Preconceito Lingüístico: o que é, como se faz publicado em 1999 pela editora Loyola, tornou-se uma referência importante na tentativa de eliminar as atitudes preconceituosas da língua falada e escrita.
Intransigente e fascinado pela língua, Marcos Bagno poeta, tradutor, lingüista e doutor pela Universidade de São Paulo, começa este trabalho, homenageando seus sogros e cunhado, cedendo-lhes a capa de sua importante obra marcada, sobretudo, pela tentativa das águas do igapó (gramática normativa) banir a imensidão dos rios (língua).
Bagno, nas 183 páginas deste livro passa pela mitologia do preconceito lingüístico e em seguida reflete sobre os meios mais adequados para o combate deste preconceito dentro esfera escolar.


Com vista na linguagem, Bagno desmistifica a norma padrão como língua única no Brasil, e reconhece a diversidade lingüística que existe no nosso país. O fato de termos sido colônia de Portugal, surge à idéia de que no Brasil não se fala bem o português e sim em Portugal, a verdade é que o português falado aqui, possui características particulares de nossa cultura.


Baseado nas inúmeras regras de gramática de nossa língua materna, muitos consideram o português uma língua muito difícil e com isso julgam que as pessoas sem instrução não falam corretamente, ou melhor, fala tudo errado. Para Bagno, mesmo que seja de grande importância o uso da gramática normativa no ambiente escolar, deve-se considerar as variedades lingüísticas que existem fora dela, valorizando dessa forma, as pessoas que por um motivo ou por outro, não tiveram oportunidade de estudar, mas nem por isso falam uma língua desconhecida e incompreensível.


Cada canto do Brasil pronuncia palavras diferentes, sotaques diferentes, embora, exista uma escrita oficial. Mas isso não é o que valoriza ou não uma língua e sim a classe social em que os falantes estão inseridos. Com isso a própria escola acaba se tornando ambiente de exclusão, acreditando que é preciso saber a gramática para se falar bem desrespeitando a heterogeneidade lingüística de cada um.


Bagno alerta o leitor para a existência do circulo vicioso do preconceito lingüístico, apontando como principais instrumentos a gramática tradicional, os livros didáticos, o ensino tradicional e o que ele denomina de “comandos paragramaticais”.


Por fim, no trabalho de Marcos Bagno, além de evidenciar um discurso meramente político, assumido pelo próprio autor no inicio do livro, percebe nitidamente a preocupação com o ensino da língua portuguesa e sugere que a língua deve ser conduzida à reflexão de sua atribuição como forma de interação.


Acreditando que a intenção do autor ao produzir este livro está ligado a tentativa de combater o preconceito lingüístico, recomendo a utilização deste, nos meios acadêmicos indispensavelmente no curso de Letras, e para os que se interessam pelo estudo da língua materna.


Por: Poliana Brito Sena